objetos com história
- cerâmica e azulejaria -

Painéis de azulejos de Júlio Pomar

Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, Rua Augusta, Lisboa

Júlio Pomar (1926-2018) pertenceu à terceira geração de pintores modernistas portugueses e deixou uma obra imensa e de valor incalculável. Num desenrolar de sucessivos elos que criava espontaneamente entre a forma e os materiais, definia os corpos numa figuração frequentemente interrompida num traço muito próprio e facilmente reconhecível como seu. Pomar desenvolveu uma relação de intimidade com a arte como se de uma extensão de si mesmo se tratasse e com a qual dialogava numa conversa que dispensava palavras.

Múltiplas vezes premiado internacionalmente, Júlio Pomar – o Mestre Júlio Pomar, aliás – expôs em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Centro Cultural de Belém; no Porto, no Museu Soares dos Reis e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves; em Paris, no Museu do Louvre; no Brasil, em museus de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília; e ainda em Bruxelas, Macau, Pequim e Istambul. Era um homem do mundo, porque o mundo era a sua casa, compartimentada em paixões que não conheciam limites pela pintura, desenho, gravura, escultura, ilustração, cerâmica, vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo.

Quem chega à Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau da Rua Augusta, em Lisboa, nunca fica sozinho. É sempre recebido por um atarefado e garboso empregado trajado de azul e branco que carrega uma bandeja de pastéis de bacalhau escada acima, sem nunca lá chegar. É o nobre anfitrião em pinceladas mestras, num painel de azulejos criado propositadamente por Pomar para este espaço em 2015. Porque Júlio Pomar está para a arte como o pastel de bacalhau está para a gastronomia portuguesa, e a sua obra está para a criação artística contemporânea como o queijo Serra da Estrela DOP está para o pastel de bacalhau.