Classificada como monumento nacional desde 1910, a Torre dos Clérigos impõe-se ao casario no centro histórico do Porto como nenhuma outra edificação na cidade. Integra, tal como a igreja com o mesmo nome e à qual se une pela Casa da Irmandade, uma edificação do séc. XVIII de estilo barroco, projetada em 1753 pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni (1691-1773). Em 1754 arrancariam as obras de uma construção que haveria de demorar 9 anos a concluir. Com mais de 75 metros de altura, só em julho de 1763 ficou selado o fim das obras com a colocação da cruz de ferro no topo e a imagem de São Paulo no nicho sobre a porta. O mundo render-se-ia à espetacularidade do barroco na Invicta, oferecendo uma vista deslumbrante de 360º sobre a cidade a quem se atrevesse a subir os 225 degraus da torre, como ainda hoje é possível.

Portugal Pittoresco foi uma importante uma publicação quinzenal artística constituída por 24 litografias policromadas que reproduzem aguarelas de Casanova (1850-1913), um pintor espanhol que veio para Portugal em 1880 como refugiado político e que se tornou professor de pintura do Rei D. Carlos. As suas estampas engrandeciam os monumentos icónicos e as cidades e vilas portuguesas, como foi o caso da Torre dos Clérigos, em destaque no número 4 da primeira série desta publicação, que data de 1883. E que outro destino melhor lhe serviria, senão a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau ali mesmo, junto aos Clérigos, que a expõe orgulhosamente?

Escrevia Manuel Pinheiro Chagas (1842-1895) – escritor, jornalista romancista, historiador e dramaturgo, neste número: Lisboa e Porto teem ambos a sua maravilha legendária. Lisboa é a estátua equestre de D. José I, o Porto a Torre dos Clérigos. Nas províncias do Norte fallava-se antigamente na Torre dos Clérigos como se podia fallar nas Pyramides. Era a oitava maravilha do mundo.