A Nossa História
As cidades não são pátrias. É na província que se encontra o carácter e a mística duma nação
Agustina Bessa-Luís
O Tempo, sem início e sem fim, concede-nos o poder da criação, de significar algo na História. Por isso, de forma quase misteriosa, pessoas e grandes feitios acontecem em determinados momentos e espaços de forma singular. O Tempo faz enriquecer a Humanidade, sendo, para quem lhe sente os benefícios, o maior luxo da Vida.
Foi assim o Tempo que nos colocou em Santa Marinha, Seia, na Serra da Estrela. Foi lá que começou a nossa história – e a nossa paixão pela História – numa casa que data da primeira metade do século XVIII e que recentemente reabilitámos para a transformar num Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela como forma de homenagear as nossas origens.
O Tempo que nos colocou ali foi o mesmo que nos levou a criar o Museu do Pão em Seia, em 1996, que abriria ao público em 2002. Foi a primeira das nossas marcas, continuando hoje a ser um dos museus mais visitados do país. Há mais de 30 anos – mesmo antes da sua abertura ao público enquanto museu – a marca Museu do Pão já estava presente na mesa dos portugueses, desde que construímos a Fábrica do Pão em Seia, um dos agentes económicos mais relevantes da região e que continua a produzir diariamente para todo o país.
Rumámos a Lisboa em 2007 e trouxemos para o Grupo a Silva & Feijóo, uma mercearia tradicional que data de 1919. Encantados com a luz da cidade e com o seu reflexo no Tejo, abrimos o Museu da Cerveja no Terreiro do Paço, no Dia de Portugal, em 2012, para celebrar a gastronomia e as cervejas artesanais portuguesas.
Foi no Museu da Cerveja que criámos o Pastel de Bacalhau com Queijo Serra da Estrela DOP, que se viria a tornar uma marca em 2015, com uma loja na Rua Augusta, abrindo posteriormente mais lojas em Lisboa e noutras cidades do país: Cascais, Óbidos, Aveiro, Gaia e Porto. A Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau nasceu com uma missão: a de remunerar justamente os pastores cuja dura realidade conhecemos tão bem. Orgulhamo-nos de ter criado um projeto que é hoje um expoente da economia circular e da sustentabilidade, e que permite aos pastores ter uma vida mais digna.
Ao mesmo tempo aventurámo-nos pelas conservas. Em 2015 o tempo e o mar levaram-nos até à ria de Aveiro para nos encantarmos com a Comur, a Fábrica de Conservas da Murtosa, fundada em 1942, e onde 100 mulheres trabalham artesanalmente o peixe. Apaixonámo-nos pela nobreza daquele trabalho manual delicado e minucioso. Sabíamos que a sardinha é um dos mais genuínos cartões de visita de Portugal no mundo e que tínhamos em mãos uma preciosidade. O que fizemos com a sardinha é uma metáfora da nossa História enquanto povo. Há menos de meio século, era simplesmente um peixe popular e sem valor. Mantendo-a fiel à sua distinção, reinventámos o conceito das conservas colocando a sardinha a espalhar a magia das artes circenses em latas coloridas e em ambientes plenos de fantasia. São já 21 lojas nas principais cidades do país e em Nova Iorque e seguramente não ficaremos por aqui; o tempo e a coragem levar-nos-ão mais além.
Em 2018 reforçámos a nossa paixão por marcas históricas quando a Confeitaria Peixinho, a mais antiga casa de Ovos Moles de Aveiro, que data de 1856, se juntou ao Grupo. Mantivemos a receita original dos Ovos Moles, a expressão maior da doçaria conventual portuguesa, criada pelas freiras da região numa tradição com mais de cinco séculos, colocando-os num patamar de excelência e singularidade. No ano seguinte, enriquecemos o nosso portfolio de marcas com a Casa Pereira da Conceição, uma casa especializada em chás e cafés, fundada em 1933. Mantendo o mobiliário palaciano original, criámos coleções inspiradas nas Rainhas de Portugal e nos grandes escritores portugueses para oferecer ao mundo os mais requintados sabores e aromas nacionais.
A Brasileira do Chiado, que trouxemos para o seio do Grupo em 2020, tornou-se, pela força da sua história – e do tempo –, o mais icónico café de Lisboa. Mais de um século depois da sua fundação, está mais viva que nunca, alimentando-se da criatividade e das ideias dos que por ela passam. É a sede emocional do jornal digital Mensagem de Lisboa, que ali nasceu, em 2021, para contar as histórias da cidade. Ainda em 2020 realizámos um sonho antigo: ter a nossa própria quinta na Serra da Estrela, com um rebanho de 700 ovelhas e uma queijaria artesanal onde produzimos Queijo Serra da Estrela DOP.
Cada vez mais apaixonados pelo trabalho manual e pelas profissões que estão no início da cadeia de valor, fascinou-nos a história da Filigrana de Portugal. Quando a Joalharia do Carmo se juntou ao Grupo em 2021, sabíamos exatamente o caminho que queríamos seguir: concentrámos a nossa oferta exclusivamente em joias que exibem uma punção e uma etiqueta de certificação a comprovar a sua singularidade, desafiando o princípio do modelo económico convencional do setor, virando-o do avesso. O sucesso levou-nos a abrir novas lojas em Lisboa, Porto, Óbidos e Ponta Delgada, onde o palco é pertença dos artesãos.
Nesse mesmo ano colorimos Lisboa com outro tesouro nacional: o Figurado de Barcelos, a mais pura e genuína tradição minhota que encontra na obra dos mestres barristas o seu expoente popular.
Em 2022, o mais transversal de todos os nossos projetos ganhou vida: a Fábrica de Sonhos, a nossa academia de formação, o apogeu da nossa crença no ser humano. Localizada em Cascais, recebe em permanência as nossas pessoas onde as treinamos na arte de bem receber, garantindo que quem nos visita levará de nós a melhor experiência e as melhores memórias.
O tempo e a coragem fizeram-nos atravessar o Atlântico em 2023, rumo ao centro do mundo para cumprirmos mais um sonho: o de colocar uma bandeira em solo americano. Abrimos em Times Square, Nova Iorque, a nossa primeira loja fora do território português, sob a insígnia The Fantastic World of the Portuguese Sardine. Ali construímos uma embaixada emocional de Portugal sobejamente apreciada pela imprensa americana e por pessoas de todas as nacionalidades.
Do centro do nosso mundo na aldeia de Santa Marinha, viajámos para o centro mais movimentado do mundo, em Times Square, Nova Iorque. Felizmente, o tempo faz-nos invariavelmente regressar a casa, dando sentido ao que o torna extremamente precioso: a sua maleabilidade e a capacidade de poder fazer dele o que queremos, onde e quando quisermos. Por lhe reconhecermos valor, não há limites para o que conseguimos alcançar.