A máquina de costura é, também ela, uma consequência da Revolução Industrial, criada para reduzir o trabalho manual nas fábricas, num processo massificado que se pretendia fiável, rápido e funcional. As primeiras máquinas foram concebidas ainda durante o séc. XIX para coser couro em selas e freios e para coser a tela das velas náuticas, com modelos subsequentes dedicados à confeção de vestuário, com linhas de produção de roupas em escala industrial. Ao longo dos anos foram registadas inúmeras patentes, na Europa e na América, com vários casos de violação de direitos autorais uma vez que a máquina de costura era um instrumento muito promissor e com resultados práticos evidentes.

Heinrich Grossmann, um importante fabricante de máquinas de costura de Dresden, na Alemanha, viu a sua fábrica tomada de assalto durante a Segunda Guerra Mundial, uma prática adotada pelos nazis, que adaptavam os equipamentos existentes para o fabrico de armamento militar; a precisão das máquinas de costura era um atrativo interessante para o fabrico de armas, que exigia minúcia. A fábrica de Grossmann viria a ser arrasada pelo bombardeio aliado à bela cidade barroca de Dresden, em 1945, tendo destruído todos os registos históricos da empresa, o que torna ainda mais raras as máquinas produzidas por este fabricante na primeira metade do séc. XX.

O modelo Anita B. fabricado pela Grossmann tem a particularidade de ter sido usado para coser chapéus de palha graças a um mecanismo de ponto especial que usava apenas um fio em zig zag, muito eficaz para costurar as tranças de palha entre si. Note-se que apesar de os chapéus serem usados desde o início dos tempos como proteção contra os elementos da natureza, nas primeiras décadas do séc. XX os chapéus tornaram-se objetos de moda e status social, mas também reivindicaram o seu carácter prático em modelos mais funcionais, usados transversalmente por todas as classes sociais, a que os homens que faziam a distribuição de cerveja não eram alheios.