objetos com história
- arquitetura e decoração -

Telégrafo de ordem de motor

Comur, Rua da Prata, Lisboa
Comur, Casa Oriental, Porto

Baseado numa história verídica, Titanic é um filme icónico realizado pelo norte-americano James Cameron em 1997, que relata a tragédia do RMS Titanic, um navio de passageiros britânico que partiu na sua viagem inaugural de Southampton com destino a Nova Iorque a 10 de abril de 1912, e que após colidir com um iceberg às 23h40 do dia 14, acabou por se afundar duas horas e meia depois, provocando a morte de mais de 1.500 das cerca de 2.200 pessoas que seguiam a bordo.

Muito se especulou sobre a celeridade com que os oficiais terão dado a ordem de inversão da marcha, quando deram conta do iceberg a apenas 400 metros do navio. Infelizmente, esta distância era insuficiente para que um navio daquela dimensão e à velocidade a que seguia pudesse evitar a colisão, ou minorar as suas consequências. Mesmo que a ordem dada pelo telégrafo da ponte para a casa das máquinas desencadeasse uma resposta automática – o que não era o caso pois passava pela atuação dos oficiais que controlavam a propulsão, os 39 segundos entre a deteção do iceberg pelos vigias e o impacto não chegariam para inverter a rotação dos hélices a tempo de evitar a tragédia. Era assim em 1912 com o telégrafo de ordens do Titanic, tal como era com os telégrafos do segundo quartel do séc. XX, de que são exemplos os da Comur na Rua da Prata – fabricado em Espanha pela Fenya, Fabricaciones Eléctricas, Navales y Artilleras, e da Casa Oriental, com candeia lateral – da casa J. Garraio, de Lisboa.

Pegando nas palavras de James Cameron e adaptando-as à indústria conserveira portuguesa e ao futuro que o setor pode escrever, assim saiba acionar a ordem de inversão do motor atempadamente, diríamos que “A história não poderia ter sido melhor escrita. A justaposição de riqueza e pobreza, (…) o estoicismo e a nobreza de uma era passada, a magnificência de um grande navio igualada em escala apenas pela loucura dos homens (…). E sobretudo uma lição: que a vida é incerta, o futuro desconhecido e o impensável, possível.”