objetos com história
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Portugalliae et Algarbiae Regna
Biblioteca Grupo O Valor do Tempo, Lisboa
Os mapas mais antigos de que há registo, de 6204 a.C., foram encontrados na Turquia, desenhados numa parede a que só a invenção do papel a partir de casca de amoreira e fibra de bambu por Cai Lun, na China, no ano 105 durante a dinastia Han, viria a alterar, permitindo que os mapas passassem a ser desenhados em folhas. Mas viria a ser a época dos Descobrimentos Portugueses a dar o maior impulso na evolução dos mapas, ou “cartas” como eram designados na época, quando se concluiu que o mundo era maior do que se pensava e era necessário obter níveis de precisão mais rigorosos para garantir uma navegação mais segura e explorar com sucesso o que ainda estava por descobrir.
O Atlas Minor, uma compilação de mapas de Gerardus Mercator, o cartógrafo mais influente do século XVI, foi publicado em 1683 pelo holandês Nicolas Visscher II (1649-1702), também ele cartógrafo, que herdou da família a arte de gravar e imprimir. O negócio floresceu quando passaram a animar as Bíblias com mapas ilustrados e paisagens, na sequência da reforma protestante cujo clero menos letrado se mostrava desagradado com as ilustrações católicas romanas. Além de Bíblias, Visscher II gravou e publicou paisagens, retratos e cartas do mundo, com desenhos originais muito elaborados.
Esta carta do reino de Portugal e Algarve de 1696, da autoria de Visscher II, é uma carta com cartelas decorativas coloridas manualmente, e apresenta três escalas: milhas germânicas, hispânicas e gálicas. A nobreza dos detalhes como os galeões e os querubins com asas em vermelho, azul e dourado segurando a coroa portuguesa, e a legenda da figuração desta carta impressa em gravura a partir de uma matriz de cobre, confere-lhe uma riqueza extraordinária confirmando que as cartas, tão mais belas quanto mais antigas, são um verdadeiro tesouro para quem as souber ler e admirar.