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Primeira edição de “O livro de ouro das conservas portuguesas de peixe”, de Leitão de Barros

O Instituto Português de Conservas de Peixe, criado em Lisboa a 10 de Julho de 1936 na sequência da estruturação do setor industrial do pescado, foi um organismo de coordenação económica do sistema corporativo do Estado Novo em Portugal. Perante a necessidade de transmitir a beleza e simultaneamente alertar para o drama das conservas de peixe que se vivia na época, o organismo procurou um escritor que fosse simultaneamente um artista que conseguisse elevar o setor das conservas através de uma obra documental.

José Leitão de Barros (1896-1967) foi o eleito para levar a cabo este projeto, por se afigurar como uma destacada figura nacional reconhecida como cineasta e propagandista do Estado Novo, e ligada a grandes iniciativas culturais como a criação das marchas Populares e a Feira Popular, tendo realizado os filmes Ala-Arriba, A Severa e Camões. Foi em 1938 que Leitão de Barros lançou uma obra de luxo dedicada às conservas, rara e graficamente admirável, que incluía uma notável colaboração literária, artística e ensaística. O Livro de ouro das conservas portuguesas de peixe contou com a participação do Prof. Dr. Ricardo Jorge e outros nomes maiores da literatura portuguesa, como Raul Brandão, que dedicou à sardinha um capítulo exclusivo. Além da riqueza de textos, este livro destaca-se pelo brasão da capa gravado a seco, pelos mapas desdobráveis da rota da exportação das conservas, pelas excelentes fotografias e gravuras litográficas sobre a pesca em Portugal e pelos desenhos originais de Raquel Gameiro Ottolini, Jaime Martins Barata e Rodrigues Alves.

Traduzido, já na época, para inglês, alemão e francês, o “Livro de ouro das conservas portuguesas de peixe” continua a ser uma incontornável obra de referência para o setor das conservas, desvendando no seu conteúdo uma invulgar atualidade, quase um centenário após o seu lançamento. Do nosso espólio fazem parte três exemplares, todos da primeira e única edição, de 1938, numa versão em português autografada pelo próprio Leitão de Barros e duas versões em inglês, como compêndios de inspiração que usamos na narrativa das conservas e na forma como sempre gostamos de evidenciar a nobreza da história do setor.