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Revista “A Esfera”

Museu do Pão, Seia

A propaganda adquiriu uma conotação negativa no contexto da Segunda Guerra Mundial, pela utilização manipuladora feita pelos dois lados das trincheiras. Foi uma poderosa arma de guerra usada para persuadir o público, influenciando-o com fins ideológicos e políticos como tentativa de desumanizar o inimigo responsabilizando-o pelos males do mundo. A propaganda nazi preparou o povo para a guerra, insistindo numa perseguição contra as populações alemãs que viviam nos países do leste europeu em antigos territórios germânicos, enquanto os aliados exibiam cartazes que revelavam a sua força bélica e recrutavam “marines” incitando ao patriotismo, ao orgulho e ao sentido de dever.

Para controlar eficazmente as massas, o cartaz impresso e a revista, que se sobrepuseram ao cinema e à rádio, foram as principais formas de propaganda utilizadas, pela facilidade de produção e distribuição, chegando de forma igual a todo o tipo de pessoas. A luta pelo pão, por ser um bem de primeira necessidade, essencial e transversal, foi um argumento fácil, amplamente usado pelos dois lados da guerra para justificar o conflito.

Apesar de Portugal ser um país oficialmente neutro, o regime salazarista mantinha uma clara preferência pelos nacionais-socialistas, facilitando a sua movimentação em Portugal e colocando obstáculos à entrada de refugiados de origem judaica no país, chegando a afastar o cônsul Aristides de Sousa Mendes por este passar vistos de entrada a milhares de refugiados. Salazar tolerava e apoiava publicações de propaganda que assumiam uma posição que favorecia os países que constituíam o Eixo – Alemanha, Itália e Japão. A revista portuguesa A Esfera fazia a apologia da Alemanha e dos seus feitos militares, destacando fotografias de batalhas e enaltecendo a arte e a cultura alemãs, ao mesmo tempo que atacava os aliados de forma dissimulada. Neste claro exemplar de propaganda dos anos 40, a capa apelava à Mocidade Portuguesa, uma organização juvenil criada pelo Estado Novo, onde surge um jovem rapaz a olhar o futuro num campo de milho, sublinhando a urgência de garantir o pão, como forma de manipular a opinião pública.