objetos com história
- escultura e mobiliário -
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Escrivaninha de Fernando Pessoa
Museu do Pão, Seia
É sabido que o poeta escrevia muitas vezes de pé, confissão que fez em carta datada de 13 de Janeiro de 1935 a Adolfo Casais Monteiro: “Num dia em que finalmente desistira — foi em 8 de Março de 1914 — acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso.”
A sua escrivaninha, uma papeleira em madeira patinada a escuro com duas portas envidraçadas, três gavetões, uma gaveta com dois estiradores e uma “fábrica” com nove gavetas e nove escaninhos, pequenos compartimentos onde o poeta guardava objetos, integra o espólio do Museu do Pão e está acessível ao público no circuito expositivo permanente do Museu. Esta peça, que pertencia à coleção privada da família do poeta, contribui para levar a arte a todos, numa iniciativa que não apenas promove a descentralização, levando a cultura ao interior de Portugal, mas também pela relação das obras com os projetos e a narrativa do museu, fazendo com que esta incorporação seja uma mais-valia e um contributo útil aos visitantes.
Se também aqui escreveu de pé, nunca o saberemos. Era a urgência de transcrever para o papel os poemas ditados pelo coração que impunha essa condição. Mas as marcas de uso denunciam bem quanta emoção avassaladora se viveu ali, fosse em palavras soltas ou em verso, de pé ou sentado.