objetos com história
- escultura e mobiliário -

Mesa estilo império

Comur Coimbra

Afirmava frequentemente “Eu sou da raça que funda impérios”, apesar de ter nascido sem sangue azul. De ascendência italiana, Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi uma figura incontornável que se tornou general com apenas 24 anos e liderou com sucesso muitas campanhas militares durante as guerras revolucionárias francesas. Tornou-se imperador de França como Napoleão I, entre 1804 e 1814, e durante esse período construiu um império que governou grande parte da Europa, conseguindo triplicar o território francês ao vencer 77 das 86 batalhas que travou.
Ao longo da sua vida, o imperador procurou usar a arte como forma de afirmar o seu poder político. Impôs o estilo Império no mobiliário, inspirado na arte antiga e caracterizado pelos acabamentos de luxo e estruturas massivas e imponentes em mogno ornamentado a bronze dourado. Apostava na simetria das linhas e na qualidade técnica e artística, tornando as peças um reflexo vívido de si mesmo, enfatizando a aristocracia e o poder. Com a expansão do império francês, este estilo estendeu-se a toda a Europa. Portugal não escapou à arte Império de Napoleão, mas também não escapou às invasões militares francesas. Com a corte instalada no Rio de Janeiro desde 1808 em reação à invasão do ano anterior que quase surpreendera em Lisboa a família real, o Regente – futuro rei D. João VI, evitou ser preso pelos franceses. Esta mudança da capital do império português para o Brasil foi de tal forma um golpe para Napoleão que este terá dito que o monarca português foi o único que o enganou.
A mesa estilo Império de linhas direitas e dourados bem vincados que serve de suporte a uma infinidade de conservas da Comur em Coimbra é um marco simbólico desta parte da nossa História. A decoração da loja é inspirada na Biblioteca Joanina, considerada uma das mais espetaculares bibliotecas barrocas europeias, mandada construir no reinado de D. João V com o ouro proveniente do Brasil. Assinala os tempos áureos dos Descobrimentos, quando Portugal criou o primeiro império global da História, espalhado ao longo de um vasto número de territórios, apesar de jamais se ter autodenominado oficialmente como um “império”.