objetos com história
- lustres -
Lustres Cristal da Bohemia
Museu da Cerveja, Lisboa
O cristal da Boémia tem uma prestigiada história de séculos, reconhecida internacionalmente pela sua notável qualidade, beleza e design. As suas origens remontam à Idade Média, no séc. XIII, quando os monges beneditinos da Lusácia, no norte da Boémia, na Europa Central, desenvolveram um processo de fabrico de vidro para as janelas do mosteiro. Graças à abundância de matéria-prima proveniente das densas florestas da região, descobriram que a combinação de giz com potássio conferia ao vidro propriedades que o tornavam mais estável, mais durável, mais claro e completamente incolor, só equiparável ao diamante, remetendo para segundo plano o famoso vidro Veneziano de então.
Reconhecendo-lhe o mérito, no séc. XVI o imperador Rodolfo II do Sacro Império Romano-Germânico convidou artesãos italianos, cortadores de gemas e vidro, para montar oficinas de lapidação na Boémia, criando ali o estilo barroco na lapidação do vidro, tão apreciado ainda hoje, através de uma técnica minuciosa de gravação, ora em sulcos profundos e precisos ora em relevo, que tornaria o vidro tão precioso quanto a joalharia, naquela época. Luís XV da França, Isabel da Rússia e Maria Teresa da Áustria engrandeceram os seus palácios com lustres de cristal da Boémia, então considerado um requinte de luxo. Desde então, em peças cortadas, gravadas, sopradas e pintadas à mão, um pouco por todo o mundo o cristal da Boémia brilha, magnífico e majestoso, em lustres, taças de champanhe, ornamentos ou estatuetas.
Fabricados em 2003 pela Bronzes Super de J. da Gama Alves, Lda., em Lisboa, para um dos 6 palácios de Sadam Hussein, no Iraque, estes lustres de cristal da Boémia nunca viriam a ser ali instalados por ter sido justamente nessa altura que uma coligação militar internacional liderada pelos Estados Unidos invadiu o país. Mas a beleza incontornável dos 2 lustres de 12 braços e 36 luzes complementados por 3 lustres de 8 braços e 8 luzes, num conjunto de 5 imponentes peças em cristal da Boémia merecia um lugar onde pudessem brindar quem os aprecia, ao refletirem as 7 cores do espectro (violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho), e nenhuma cidade melhor que Lisboa podia fazer justiça a tamanha grandiosidade e luz.