objetos com história
- pintura -
Bacalhau, de Graça Morais
Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, R. Augusta, Lisboa
Natural de Vila Flor, em Trás-os-Montes, Graça Morais nasceu em 1948. Aos 10 anos, a viver em Moçambique, o pai ofereceu-lhe a sua primeira caixa de aguarelas, despertando nela o instinto e o talento que mais tarde haveriam de se revelar. Ainda no liceu, pintou os cenários para uma representação do Auto da Alma de Gil Vicente, sublinhando a convicção que o caminho era o das artes, como nenhum outro se lhe afigurava mais certo. Depois de passar pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, concluiu o curso de pintura em 1971 e expôs pela primeira vez em 1974, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães. Também ela atraída pelo misticismo das artes da cidade luz, viveu 2 anos em Paris onde conheceu os artistas Eduardo Arroyo e Bernard Rancillac e aprofundou o estudo sobre a obra dos pintores que admirava: Picasso, Matisse e Cézanne. Daí para o infinito, a obra de Graça Morais é uma viagem com passaporte português, exposta em primeira classe nas mais emblemáticas cidades do mundo: São Paulo, Rio de Janeiro, Macau, Washington, Nova Iorque, Moscovo, Trento, Lisboa, Porto, Granada e Madrid.
Como digna embaixadora da arte contemporânea portuguesa, Graça Morais pinta “com o coração na mão e na cabeça” como sempre gosta de afirmar, porque é na pintura que cria uma relação consigo própria; é perante a tela o lugar da sua maior intimidade. A obra de Graça Morais vive da captação da magia, engrandecida pelas cores e pela luz que a caracterizam – é essa a sua distinta assinatura.
Quando, em 2015, abrimos a primeira Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau na Rua Augusta, em Lisboa, queríamos homenagear esse enorme ícone da gastronomia nacional: o bacalhau. No universo carregado de sentido de Graça Morais e na sua inquietude constante encontrámos um testemunho do nosso próprio tempo, da nossa identidade. Só ela podia entender este desejo e transferi-lo cabalmente para a tela, numa sobreposição de linhas e formas capazes de desencadear distintos níveis de leitura, oferecendo-nos a possibilidade de os interpretar como um manifesto do capital da nossa memória.