Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo.
Fernando Pessoa (1888-1935)
Primeiro as raízes. Depois as asas.
A economia moderna segue um padrão que remunera principalmente os grandes agentes económicos que estão no fim da cadeia de valor, reduzindo a remuneração à medida que se aproxima do início. Um modelo que subverte a lógica, já que é no início que se criam as condições para a existência do que quer que seja. É lá que se gera valor.
O nosso conceito de sustentabilidade assenta num modelo de economia social que tem precisamente na origem o seu principal ativo. Invertemos a pirâmide ao promover o afastamento da economia linear por considerarmos que a viabilidade do futuro já não é apenas uma questão de sustentabilidade ambiental, mas também uma questão de sustentabilidade económica e social.
Remunerar quem está no início da cadeia de valor é a única forma de garantir a continuidade de ícones da nossa cultura, sejam eles o queijo Serra da Estrela DOP, as Conservas, a Filigrana, o Figurado de Barcelos, os Ovos Moles ou o Pão. Ou qualquer outro bem.
Mas vai muito além disso. Quanto mais o mundo progride rumo à tecnologia, mais rara e preciosa se torna a sabedoria manual; o trabalho produzido pelas mãos é algo que as máquinas nunca conseguirão superar ou sequer equivaler. Por isso deve ser valorizado, para que se mantenha atrativo e com perspetivas de futuro.
Remunerar bem as bases tem consequências para a economia e para a sustentabilidade: assegura a continuidade dos produtos feitos à mão, garante a manutenção de profissões ancestrais e oferece qualidade de vida às pessoas que verdadeiramente fazem acontecer. E mais: permite-nos gerar emprego qualificado e criar cenários mágicos, onde apresentamos com elevação produtos outrora pouco valorizados e hoje sobejamente admirados. Quem nos visita leva Portugal embrulhado em originalidade e nobreza, rumo aos quatro cantos do mundo.